Pernambucanamente
O jubileu dos 90 anos do Museu do Estado de Pernambuco (2020) é uma celebração da vida e da cultura pernambucana, na diversidade e na multiculturalidade, porque o MEPE nasce da pluralidade das expressões culturais, patrimoniais, ideológicas e históricas, que estão representadas nas suas diferentes coleções.
Esse acervo transita pelos testemunhos materiais da história de Pernambuco, da civilização do açúcar, pelas manifestações artísticas; pelos ofícios de carpinteiros, de ceramistas, de armeiros; pelas etnografias de povos tradicionais, de povos de matriz africana e de povos ameríndios. Assim, o MEPE, desde a sua origem, marca um lugar especial, que se amplia sensivelmente no conjunto dos demais museus, pois afirma sua vocação humanista na diversidade.
Os cenários da complexidade e das transgressões que memorizam os anos 20 em Pernambuco com um grito sem fronteira da arte, da filosofia, da religiosidade, dos costumes, dos pensamentos políticos, provoca uma fermentação social e cultural que mobiliza para aquilo que é local, regional.
E nestes contextos, destaque para a Semana de Arte Moderna (1922), e para o Manifesta Regionalista (1926) coordenado por Gilberto Freyre. Estes importantes olhares sobre o Brasil, e o mundo, somam-se com outros movimentos que criam ambientes de valorização do patrimônio cultural e das identidades. E assim, em 1930, é fundado o Museu do Estado de Pernambuco para salvaguardar a história e a memória cultural do estado e de sua área de projeção no nordeste.
O Museu que assume a sua identidade de ser Pernambuco na sua amplitude, na sua dinâmica social, sendo vivo e atual nas suas maneiras de trazer as memórias ancestrais que dialogam com o pensamento contemporâneo, e possibilitam um sentimento democrático dominante.
Tudo isso se revela nas exposições, nos projetos de pesquisas das coleções, nas ações educativas. O MEPE atua pela construção da cidadania e pelo direito à diferença, à pluralidade e à cultura.
Maria Eduarda Marques
Raul Lody
Curadores